Um ano para considerar a aprendizagem baseada em projetos na sua aula
O que você precisa para promover uma aprendizagem ativa e que faz sentido para o estudante
Se entre suas metas para o ano estiver tornar as aulas menos teóricas e mais práticas, chegou o momento de você conhecer a aprendizagem baseada em projetos. Essa abordagem defende que o aprendizado acontece mediante envolvimento ativo do estudante, quando este demonstra interesse genuíno no que está aprendendo, impulsionado por motivação interna, não externa.
Isso implica que o sucesso da aprendizagem depende da iniciativa e responsabilidade do próprio aluno, sendo autogerada, autodirigida e autossustentada. Em anteposição ao modelo mais tradicional de ensino, aqui a aprendizagem é possibilitada pelas próprias ações do aluno, não simplesmente do conteúdo que é apresentado pelo professor de forma unidirecional.
Por que é importante adotar a aprendizagem baseada em projetos?
- Motiva o aluno a explorar e investigar seus interesses – aquilo que verdadeiramente o atrai e o que ele deseja aprender – enquanto o educador assume a responsabilidade de integrar essas atividades ao desenvolvimento das habilidades fundamentais necessárias;
- Evita que a aprendizagem se torne passiva e monótona, permitindo o envolvimento ativo do aluno não apenas na concepção e elaboração de sua trajetória de aprendizagem, como também em sua execução e avaliação. Esse engajamento, por estar alinhado aos interesses do aluno, torna a aprendizagem significativa e dinâmica, envolvendo mais do que simplesmente absorver informações;
- Estabelece uma conexão direta entre a aprendizagem em sala de aula e a vida e experiência do estudante, reconectando seus processos cognitivos com seus contextos pessoais e vivências.
Qual o papel do professor diante dessa mudança em sala de aula?
É importante que o professor tenha em mente que adotar a aprendizagem baseada em projetos demanda tempo para que estudantes consigam investigar e responder a uma questão, problema ou desafio autêntico do mundo real. Não pode ser visto apenas como o fim de um conteúdo ou atividade.
É envolver os estudantes de maneira que impacte tanto seus corações quanto suas mentes, com perguntas que os façam parar para refletir, como exemplifica Ramona Trevino, educadora, consultora educacional e doutora em planejamento e políticas educacionais pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
Durante um congresso sobre metodologias ativas, Nilson Machado, professor na Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), destacou a importância de os professores evitarem estratégias didáticas que funcionam como “fogos de artifício”: chamativas no início, mas que logo se apagam e perdem o interesse dos estudantes. Ele defende o uso de projetos justamente porque considera que eles exigem o comprometimento constante do aluno, evitando que se contentem com o que é fácil e exige pouco esforço.
O professor da USP ressalta que o papel do educador vai além de ser um mediador em sala de aula. “O professor precisa ser mediador de conflitos de interesses, porque o interesse dos alunos é divergente dos da escola. Sem mediar esse conflito, não há boa metodologia. Não adianta propor a resolução de um problema que seja um problema do professor, e não um problema do aluno”, afirmou na ocasião.
O tempo é um recurso essencial na vida escolar. Da mesma forma que os alunos precisam ter tempo suficiente para desenvolver seus projetos, os professores precisam de mais tempo além das horas de aula e do limitado período de planejamento, para analisar cuidadosamente as necessidades e informações coletadas com suas turmas, a fim de elaborar novas estratégias de ensino.
No e-book gratuito “Aprendizagem criativa em sala de aula”, da RBAC (Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa), a professora e designer de experiências de aprendizagem Ellen Regina Romero Barbosa, aconselha focar no essencial, encontrando maneiras mais eficientes de comunicar o material não essencial e concentrar-se em como sua disciplina pode ser relevante para os projetos dos alunos, ajudando a dar sentido às suas experiências e preparando-os para diversos papéis na vida pessoal e cidadã.
Possível ciclo de vida de um projeto
Criação e planejamento
- Defina um problema central
- Formule uma questão orientadora
- Planeje atividades a serem realizadas
- Elabore um cronograma
- Incentive os alunos
- Esteja aberto ao diálogo
- Estimule que os estudantes façam pesquisas
Monitoramento e avaliação
- Acompanhe e registre o desenvolvimento dos alunos
- Observe a motivação e interesse pelas atividades
- Veja se as atividades contribuem para a construção de novos conhecimentos
- Avalie a necessidade de fazer ajustes
Encerramento
- Crie momentos de reflexão com estudantes sobre as aprendizagens adquiridas
- Avalie se os objetivos foram atingidos
- Divulgue os resultados em sua escola
Conheça projetos escolares entre os 32 finalistas do Prêmio Professor Porvir e no Guia Educação Mão na Massa.
Fonte: Portal Porvir - Redação