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Robótica a distância mantém alunos motivados durante aulas remotas

Futebol de robô mobiliza professores e alunos em tempos de isolamento social

Duas equipes: uma em São Paulo, outra no interior do Rio Grande do Sul. Na tela do computador uma “arena”, espaço onde pequenos robôs se enfrentam num jogo de futebol. Há alguns anos essa realidade não seria sequer imaginada. E ela não necessariamente tem algo a ver com a pandemia – que forçou a entrada da tecnologia em sala de aula.

O CIRDI (Campeonato Internacional de Robótica a Distância), que este ano acontece entre os dias 29 e 30 de abril, é uma proposta de uso da robótica em tempos pandêmicos, mas que não se limita aos tempos de distanciamento social.

Primeiro, esse tipo de campeonato é um jeito de levar diversão para as crianças e adolescentes que estão em casa sem poder sair. Quem destaca isso é o professor Eloir Rockenbach, da EJR Robótica Educacional/Plataforma Jabuti Edu Nuvem, uma das realizadoras do campeonato.

Além de dinamizar e trazer um estímulo extra à aprendizagem, a prática também influencia, segundo ele, o desenvolvimento de habilidades como no trabalho da criatividade, do espírito de equipe, de estímulo à leitura, exploração e pesquisa, entre outros. “A robótica é um recurso, uma ferramenta, que pode ser usada nas diversas áreas do conhecimento, inclusive ela enriquece esse processo de ensino”, diz.

A competição na qual sua startup atua é uma das maiores do Brasil e recebe até mesmo integrantes de outros países. Mas não é por se tratar de uma disputa internacional que envolve somente grandes escolas, com bastante estrutura. No ano de 2020, por exemplo, alunos da Escola Rural Santa Tecla, figuraram entre os 10 melhores da edição do CIRDI.

Localizada no bairro de Santa Tecla, em Gravataí, o projeto de robótica é coordenado pelo professor Delmar de Oliveira, que intercala as aulas de matemática com a robótica. Ele comanda a equipe RoboTecla que já se tornou referência na região e chamou a atenção de muitas empresas locais, que resolveram inclusive direcionar incentivos para o projeto.

As ideias do projeto que o professor de Gravataí realiza são feitas aliando tecnologia de baixo custo, com placas de arduino e material extraído do que seria lixo eletrônico. A ideia é que isso impacte também no aprendizado sobre sustentabilidade.

Outro projeto que também segue de maneira parecida é o Colombóticos, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Cristóvão Colombo, em Canoas (RS), coordenado pela professora Miriam Waszak, que dá aulas de ciências no ensino fundamental. Mesmo com pouca experiência, suas turmas já conhecem a realidade das competições.

A primeira delas, no entanto, não trouxe a equipe de volta para casa como vencedora. Waszak aponta que esse primeiro impacto foi ruim, com os alunos entristecidos por conta do resultado. “Mas tem outra coisa que a gente sempre comenta em nossos encontros, que o erro faz parte e nos ajuda a entender onde estamos errando”, conta.

Parte do trabalho da professora, em casos como esse, foi de continuar incentivando a equipe. Ela aponta que esse primeiro choque pode fazer com que os alunos queiram simplesmente desistir e é preciso estar atento a isso.

As competições são, também, uma forma encontrada para manter os projetos de robótica ativos durante a fase de pandemia. Muitos professores relataram que uma das grandes dificuldades – fora as questões financeiras – é manter o engajamento dos alunos durante esse período. “É que muitos deles precisam ver na prática”, aponta o professor Delmar.

É comum que o interesse dos alunos seja despertado pela parte mão na massa dos projetos, de entender como a programação pode fazer os robôs funcionarem. Então, nessa fase de distanciamento social, muitos se aplicam às questões mais teóricas do ensino.

Augusto Mombach, auxiliar de ensino na Fundação Liberato, uma das entidades promotoras do CIRDI, aponta que, de fato, não é todo mundo que consegue organizar todo o material em casa e isso realmente dificulta o acesso dos estudantes à robótica. Se por um lado a pandemia fez com que as escolas precisassem incluir a tecnologia em sua rotina, a parte que mais chama a atenção dos estudantes, o quesito prático, nem sempre é alcançada.

Competir online é um jeito de manter presente na vida dos estudantes a robótica. Tanto, Miriam, quanto Augusto, Delmar e Eloir apontam que projetos assim influenciam diretamente na criatividade dos alunos e podem ser cartões de visita para a entrada deles em áreas mais específicas do mundo tecnológico, influenciando até mesmo em decisões futuras de emprego e graduação no ensino superior.

A inscrição para o CIRDI de 2021 é gratuita e para participar, as equipes interessadas podem preencher o formulário de inscrição pelo site cirdi.com.br até o dia 24/4.

Fonte: Portal Porvir - Ruam Oliveira

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