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Quer orientar seus alunos em desafios de matemática? Confira as recomendações de participantes

Olímpiadas e desafios ligados à matemática podem ser úteis para que os estudantes conheçam diferentes formas de aprender, além de possibilitar o desenvolvimento de habilidades como empatia e perseverança

Participar de competições é uma maneira de desenvolver nos estudantes habilidades como resiliência, trabalho em grupo, engajamento e até mesmo competências socioemocionais.

Momentos como esses podem fazer o aluno entender a importância do esforço, de conhecer a si mesmo e aos outros. Mas não se trata unicamente de conquistar um título. Estas atividades funcionam também como uma ferramenta para a aprendizagem coletiva da turma.

Inclusive, esse é o anseio de Matheus Alencar de Moraes. Vencedor da medalha de ouro na IMO (Olimpíada Internacional de Matemática), que aconteceu em julho deste ano no Japão. O jovem de 16 anos, estudante do Colégio Farias Brito, em Fortaleza, coleciona pódios – na Olimpíada Nacional de Matemática, ele levou ouro em 2021 e 2022, na Olimpíada de Matemática Rioplatense, na Argentina, ganhou  bronze e foi prata duas vezes na competição do Conesul – e reforça o aprendizado em grupo que esse tipo de evento proporciona.

“É comum que pessoas que participam de olimpíadas acabem ajudando outros estudantes mais novos quando saem do Ensino Médio. Isso é algo que quero continuar fazendo: quero dar aulas, fazer eventos.”

Competir para aprender

Outras competições são trampolins para premiações internacionais. Uma das mais conhecidas é a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas). Fundada em 2005, atualmente está em sua 18ª edição. Na primeira fase de 2023 recebeu 55.383 inscrições de escolas, públicas e privadas.

Totalmente online, as Olimpíadas de Matemática Matific acontecem direto na plataforma e é voltada para estudantes da educação infantil e do ensino fundamental. A meta é conquistar 250 estrelas ao longo da competição e os prêmios variam de R$ 2 mil a R$ 15 mil. Neste ano, os jogos aconteceram em setembro e contaram com 370.328 estudantes ao total.

Um dos participantes das Olimpíadas Matific é Getúlio Evandro Martins, professor de matemática no Colégio Estadual Nova Esperança, em Nova Esperança do Sudoeste (PR). Além de iniciar uma preparação já no começo do ano – envolvendo reuniões com gestores e familiares e a inclusão desta e outras  competições no calendário escolar –  o aspecto de interação e colaboração cresce muito na escola e é um elemento que deve ser valorizado.

“A escola toda se mobiliza e é por isso que temos obtido bons frutos nos eventos”, diz. O colégio onde atua ficou em segundo lugar na última edição das Olimpíadas de Matemática Matific. “É muito importante que todos entendam que estão trabalhando em conjunto em prol de uma ação”, diz.

É comum entre os estudantes mais jovens o gosto por participar de desafios, como é o caso das olimpíadas. Para Getúlio, isso também impacta o engajamento dos estudantes. “Quando a gente avisa aos alunos que eles precisam ter boas notas para participar das olimpíadas, eles se engajam mais. Numa olimpíada, o atleta precisa estar bem preparado, e para nós isso acontece dentro da sala de aula”, conta.

Além da premiação

Conquistar um lugar de destaque nesse tipo de atividade pode parecer, em um primeiro olhar, o principal objetivo. Contudo, a experiência em si acaba ganhando protagonismo. Os educadores devem também ter uma postura ativa de incentivo à aprendizagem, para que os estudantes percebam o conteúdo para além do troféu a ser ganho no final.

Mesmo que seja importante vencer e estimular que os alunos queiram se sair bem, o foco precisa permanecer na aprendizagem. Katiene Santos Paes, Coordenadora da Escola Municipal de Educação Básica Professora Maria Rocha Santos Silva, de Coruripe (AL), aponta que essa participação modifica a forma como os estudantes se relacionam com a matemática, pois apresenta esse componente de maneira lúdica, criativa e interessante.

No que estar atento

A professora Katiene afirma que esse tipo de participação requer que os docentes estejam atentos, além do conteúdo em si, a aspectos que tornem a experiência em algo mais enriquecedor e educativo.

“Isso envolve a criação de um ambiente de aprendizado positivo e encorajador,  que inspire as crianças a desenvolverem a paixão por matemática, mostrando como essa disciplina está presente em nosso cotidiano e é fundamental para muitas áreas da vida”, diz.

Ela também destaca que é fundamental que a escola saiba equilibrar e ensinar o que é uma competição saudável e a colaboração.

Envolvimento de diferentes atores da comunidade escolar 

Ambos os docentes argumentam que para que esse tipo de participação tenha bons resultados – incluindo a maneira como os estudantes vivenciam esses momentos – é necessário que haja uma interlocução entre escola, alunos e familiares.

“É importante estabelecer canais de comunicação eficazes para fornecer informações e suporte aos participantes e suas famílias, sendo essencial estar à disposição para ajudar as crianças sempre que precisarem, respondendo dúvidas e incentivando a não desistirem, mesmo diante de desafios difíceis”, afirma Katiene. Sua escola ficou em primeiro lugar na competição de matemática.

O professor Getúlio aponta que essa relação colaborativa é um dos fatores mais importantes dentro da escola. Por meio do engajamento de todo o grupo é que, segundo ele, os estudantes conseguem aprender mais quando inseridos nessas atividades.

Ao se lançar em uma competição, a equipe docente ou professores responsáveis precisam estar cientes de que tanto a preparação quanto o período em que ela se desenvolve podem desgastantes, que se tornarão mais difíceis se feitos sem esse apoio em grupo.

Confira algumas recomendações da professora Katiene para os docentes que querem orientar seus alunos em desafios de matemática.

  1. Compreenda o formato das competições, os critérios de avaliação e as regras específicas de cada evento;
  2. Motive os alunos a praticar resolução de problemas matemáticos desafiadores regularmente;
  3. Ofereça orientação e feedback aos alunos durante o processo de preparação, enfocando a compreensão e a resolução de problemas;
  4. Ajude os alunos a construir autoconfiança, enfatizando a importância do esforço e da persistência e incentivar a participação em competições como uma oportunidade de crescimento acadêmico e pessoal.
  5. Encontre competições de matemática adequadas à faixa etária dos estudantes
  6. Crie uma rotina de estudos regular para praticar resolução de problemas matemáticos;
  7. Promova a autonomia;
  8. Incentive os alunos a buscar respostas e aprender de forma independente;
  9. Esteja disponível para apoiar e esclarecer dúvidas;
  10. Reconheça e celebre o esforço e a dedicação de seus alunos, independentemente dos resultados.

Fonte: Portal Porvir - Redação

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