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Projeto transforma entusiastas em multiplicadores de tecnologia nas escolas

Realizado nos municípios de Londrina e Pato Branco (PR), a iniciativa quer preparar pessoas que estão dentro e fora das salas de aula para levar tecnologia de forma mais prática e significativa às escolas

O investimento em formação na área da tecnologia é cada vez mais fundamental. Pensar em formas de incluí-la na sala de aula é uma demanda dos tempos atuais, mas é preciso compreendê-la com propriedade, para que o aprendizado seja de fato significativo.

Iniciativa lançada em 2022, o Projeto Letramento Digital promove formações gratuitas para professores e entusiastas do campo tecnológico, para que atuem como multiplicadores desse segmento.

“O projeto se propõe a despertar uma visão de tecnologia como ferramenta. O nosso propósito não é ensinar as pessoas a usarem um computador, tablet ou celular”, comenta José Augusto de Lima Prestes, coordenador geral do projeto na FACTI, entidade responsável por sua execução.

Qualquer pessoa pode se inscrever na formação, desde que resida nas áreas onde é desenvolvida. Atualmente, apenas os municípios de Londrina e Pato Branco, ambos no Paraná, recebem a formação.

Quem participa dos cursos para se tornar multiplicador cumpre uma carga horária que varia de 98 a 240 horas, no módulo intitulado Essencial, que contém encontros presenciais e aulas online.

Após tornarem-se multiplicadores, os integrantes devem, por sua vez, atuar em uma escola pública municipal das cidades citadas. Nessa proposta, crianças do 4º e 5º ano são contempladas com formações de 90 horas. Essa contrapartida é obrigatória para quem participa da formação.

Entre os temas abordados pelo curso, estão pensamento crítico e resolução de problemas, lógica de programação e robótica. Neste último, o curso utiliza placas de micro:bit para a realização das atividades.

“Nós buscamos capacitar as pessoas em competências técnicas e comportamentais”, afirma José Augusto. Tais competências devem auxiliar as pessoas a navegar por desafios apresentados pela indústria 4.0, explica.

“Pensando em termos de disciplina, nós temos a educação 4.0, ensino de linguagem de programação – com Python e Script, duas das linguagens mais demandadas no mercado – e técnicas e conteúdos de robótica e prototipagem”, afirma o educador.

Regina Silva, diretora pedagógica da Educacional, que também atua no projeto, comenta que o objetivo não é formar programadores ou pessoas para trabalhar no ramo da tecnologia, mas desenvolver indivíduos que saibam refletir sobre o papel digital. “É muito legal, porque eles desenvolvem atividades que são muito próximas do seu dia a dia“, conta.

A educadora recorda que o trabalho acaba impactando também as famílias dos participantes. Isso porque, com a nova apresentação do que seja a tecnologia, os estudantes se tornam mais criativos no desenvolvimento de projetos, passando a influenciar a maneira como os pais e responsáveis veem a área.

“Um estudante, junto com sua irmã, fez um joguinho para ver quem iria lavar a louça. É uma brincadeira, mas ele precisou pensar em como construí-lo, contando também com a ajuda da família”, relembra Regina.

Tecnologia nas licenciaturas

Muitas vezes, interessados em conhecer um pouco mais sobre processos tecnológicos precisam recorrer a cursos extras e formações complementares. José Augusto comenta que o modelo adotado nas licenciaturas nos últimos anos ainda está muito centrado nas pedagogias e metodologias.

“Isso é bastante relevante, porém a tecnologia passou a ser uma forma de ensinar e não pode ser deixada de lado. Tecnologia é mais do que usar o Google Classrooms ou o Microsoft Teams”, pontua.

Para ele, é fundamental que os docentes tenham esse entendimento de que a tecnologia é um meio para alcançar determinados objetivos da aprendizagem. Ele ainda reforça: em qualquer componente curricular é possível aplicar elementos envolvendo tecnologia.

“Tivemos professores de educação física, história e língua portuguesa, por exemplo, que souberam trabalhar magistralmente com a tecnologia em suas aulas”, comenta José.

Regina também acredita que a tecnologia pode ampliar as chances de um estudante entender determinado assunto. “A tecnologia nos dá uma percepção diferente daquele conteúdo que está apresentado em um livro”, exemplifica.

O projeto é fruto do MCTI Futuro, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação voltada para apoiar ações de transformação digital, pesquisa, capacitação e inovação nas TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) e é financiado com recursos do PPI da Lei de Informática, coordenado pela Softex.

A previsão é de que 4 mil crianças e 240 multiplicadores participem do projeto em Londrina, e 2 mil crianças e 120 multiplicadores em Pato Branco. Há também previsão de expansão do projeto para outras localidades, ainda não divulgadas. 

Fonte: Portal Porvir - Ruam Oliveira

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