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Professora cria gincana para estimular habilidade leitora de crianças

Projeto voltado ao primeiro ano do ensino fundamental aumenta frequência escolar e incentiva o gosto pela leitura das crianças

Sabemos o quanto aumentou o déficit de aprendizagem das crianças pequenas nos últimos anos, devido à pandemia e ao distanciamento social. Por isso, pensei em desenvolver algo que pudesse ser atrativo tanto para estimular a alfabetização, ampliando a leitura, quanto para incentivar a presença do aluno na escola. Assim nasceu o projeto “Estrelas da Leitura”, no segundo semestre de 2022.

Temos um cartaz na parede da sala de aula com o nome de todos os alunos do 1° ano “C”, com idades entre 6 e 7 anos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Mizinha, localizada em Icapuí (CE), a 209 km de Fortaleza. Esse cartaz serve como registro: a cada leitura realizada, o aluno ganha uma estrela, feita com giz de cera.

Temos momentos diários de leitura: além da contação de histórias, toda semana busco levar recursos diferentes para a sala de aula, como: leitura no palito, puxa a frase, pirulitos da leitura, etc. Nesses materiais mais lúdicos, trabalhamos com frases, sílabas, determinadas palavras extraídas do material didático.

Com formatos diferentes, a turma se sente ainda mais estimulada a participar. Assim, eles realizam a leitura de sílabas, palavras, frases e textos de acordo com o seu nível. Quando o aluno consegue realizar a leitura do dia, ele ganha uma estrela no cartaz.

Ao concluir o 2° semestre do ano letivo, contamos a quantidade de estrelas que cada um obteve e realizamos a premiação do 1°, 2° e 3° lugar. Os três primeiros ganham livros, guloseimas e uma medalha. Os demais participantes ganharam livros. Todos foram doados pela mãe de um dos alunos da turma: os títulos são da coleção do Itaú, “Leia para uma criança”. Entre eles, destaco “Enquanto o almoço não fica pronto”, de Sonia Rosa, que descreve uma manhã comum na casa de uma família negra, e “Os olhos do jaguar”, sobre o povo indígena Maraguá, escrito por Yaguarê Yamã.

Sempre busco recursos concretos que estimulem a participação, para que meus alunos avancem e tenham bons resultados. Fazemos rodas de conversa, contamos as estrelas, reconhecemos o esforço de cada um. E os avanços com esse projeto foram muito significativos! A turma é formada por 25 crianças. Concluímos o ano com 12 alunos alfabetizados (leitores de texto), 8 alunos concluindo sua alfabetização (leitores de palavras e frases) e apenas 5 alunos em nível pré-silábico.Acredito que a literatura infantil oferece um leque de possibilidades de aprendizagem. Diante de uma história, eu posso ensinar matemática, ciências e outras disciplinas. Para que isso aconteça, acredito que o professor precisa ter um olhar mais aguçado sobre o livro que vai usar para que o ensino interdisciplinar funcione bem.

Desde o primeiro até o último dia, a empolgação era grande. Antes mesmo da chamada, eles pediam pela hora do projeto, para contar as estrelas, comparavam o número com o dos colegas e se divertiam com isso. Vou seguir com a proposta, com a mesma turma, mas com uma nova roupagem que se adeque ao 2° ano.

O que é preciso para replicar o projeto?

Um painel com o nome dos alunos exposto na sala de aula. Material básico para impressão de arquivos em PDF, encontrados na internet. Material reciclável para a construção das atividades lúdicas. E o principal: força de vontade de ver seus alunos avançarem.

Suzana Rodrigues Moraes - Possui graduação em pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), especialização em educação e foi aluna especial do mestrado da mesma universidade. Atualmente, é professora da Escola de Ensino Fundamental Professora Mizinha. Seus estudos e pesquisas referem-se às seguintes áreas: educação infantil, recursos didáticos, pesquisa e formação de professores.

Fonte: Portal Porvir - Suzana Rodrigues Moraes

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