Pause, reoriente, avalie: 7 benefícios da meditação na sala de aula
A meditação mindfulness auxilia os alunos a manter o foco na aula, reduz a ansiedade e promove a empatia. Saiba como levar a prática para a escola
Tanto para educadores quanto para alunos, saber lidar com as emoções e os desafios do dia a dia, na escola e fora dela, é fundamental. E a prática da meditação mindfulness (ou atenção plena, em português) se apresenta como grande aliada nesse cenário. Fechar os olhos, concentrar-se na respiração e buscar aquietar a mente, com base em alguns exercícios orientadores, auxilia o fortalecimento de uma série de habilidades, como atenção e equilíbrio.
Foi durante a pandemia da Covid-19 que a professora Natália Ferreira Ribeiro Morales começou a pesquisar – e também a praticar – a meditação mindfulness. Em meio à ansiedade do ensino remoto, somada à privação social, ela diz ter encontrado na meditação uma técnica não só pessoal, mas que também pôde ensinar para o filho Benício, de 7 anos, e para a sua turma na escola. “Encontrei uma oportunidade de levar a técnica aos meus alunos na retomada das aulas presenciais, a fim de acolhê-los melhor, de uma forma mais significativa, e repassar a eles tudo o que eu vinha aprendendo”, conta Natália. “Notei, também, que estava me apaixonando pela educação socioemocional e pela disciplina positiva. A meditação agregou ainda mais conhecimento para os meus estudos”, afirma.
Professora do ensino fundamental em uma escola municipal do Alto Tietê, em São Paulo, Natália leva adiante tudo que aprendeu no curso da MindKids, instituição pioneira na aplicação do mindfulness na educação. “Além das práticas, o conceito nos ensina a trazer consciência ao momento presente, a acolher as nossas dificuldades. No retorno às aulas, havia bastante insegurança dos meninos, seja pelo longo período de isolamento, seja pela perda de entes queridos ou dificuldades enfrentadas em casa. Conseguimos trabalhar a convivência de uma forma muito leve, justamente por conta da meditação mindfulness”, diz Natália. Levar a meditação de uma maneira lúdica para as crianças, dentro de um jogo ou de uma atividade, por exemplo, faz com que meninos e meninas consigam se reconectar aos objetivos da aula e aos seus sentimentos. “Foi fundamental que pudessem retomar a autoconfiança, o autoconhecimento e a empatia.”
Em 2022, agora com a turma do 5º ano, Natália nota a necessidade de a turma aprender estratégias a fim de lidar com o turbilhão de novidades que chegará com a adolescência. “É importante que percebam a respiração, as sensações do corpo, até mesmo o som ambiente. Às vezes, cinco minutinhos de pausa já resolvem. Oriento para que façam isso em casa também. Quero plantar essa semente para espalhar a prática… Quanto mais gente praticando, melhor”, acredita a educadora.
Desde 2015, a MindKids trabalha com a meditação mindfulness, levando a prática para famílias e escolas, com planos de aula alinhados à BNCC (Base Nacional Comum Curricular). “As escolas, por definição, devem ser lugares vibrantes, onde o aprendizado acontece, onde os professores e alunos sentem que podem florescer, e tenham essa sensação de pertencimento”, explica Daniela Degani, professora de meditação e fundadora da MindKids. “Para que isso aconteça, educadores e alunos precisam estar atentos, presentes, empáticos. Isso cria um ambiente propício. O mindfulness instrumentaliza o professor para que ele consiga, de fato, colocar em prática habilidades tão importantes”, complementa.
Confira 7 dicas para os educadores começarem a trabalhar – ou aprimorar – a meditação em sala de aula:
1. Desenvolva uma prática pessoal antes de apresentar a meditação aos seus estudantes
Alguns estudantes podem achar estranho inserir a meditação na sala de aula, por isso é importante que o professor seja praticante, para sanar todas as dúvidas. “A gente não consegue ensinar aquilo que não pratica. É fundamental que o professor tenha familiaridade com a prática, que esteja em processo de incorporação da meditação em sua vida. Quanto mais a meditação fizer sentido para o educador, mais sentido fará para o estudante”, diz Daniela.
2. Crie hábitos em suas aulas
A meditação precisa ser parte integrante da prática de ensino. Daniela sugere inserir esse momento na rotina diária. “Vale ter um horário no qual os alunos saibam que vão praticar, que aquele momento é para a meditação. Muitas escolas costumam adotá-la por volta de dez minutos antes do início da aula, mas o educador precisa entender quando a inserção é mais benéfica.”
3. Use a meditação como estratégia para recuperar o foco
As práticas de meditação mindfulness no ambiente educacional ajudam no foco, na atenção e na regulação emocional, bem como na participação em sala de aula e no respeito (consigo e com os outros). “Isso não é algo conquistado do dia para a noite, é um processo”, reforça Daniela. “Recomendo que os educadores se capacitem e sigam programas ideais para cada faixa etária. Em outros momentos, podemos lançar mão das técnicas que temos no repertório, a fim de sentir qual a prática necessária naquela situação.”
4. Compartilhe os benefícios da meditação com seus alunos
São vários os formatos nos quais as práticas podem ser realizadas: uma palestra, um modelo de prática semanal, dentro ou fora da grade das aulas. Segundo Daniela, é importante explicar o motivo de se reservar um tempo para meditar, fazendo com que a atividade seja relevante para os alunos. “O educador pode colocar a prática dentro do contexto de situações da vida do adolescente, por exemplo. Ele fica nervoso na prova? Sente que é difícil se concentrar para estudar? Já agiu no impulso? Esse cuidado a partir da contextualização é importante – inclusive para crianças menores.”
5. Aproveite as várias formas de meditar
Cantos, desenhos de mandalas, trabalho com cores, respiração… Com as crianças, é importante ofertar e adaptar as práticas de meditação mindfulness por meio do lúdico, do instigante e divertido. Um jogo de atenção plena, por exemplo, pode funcionar bem. Confira uma série de atividades no e-book “Meditação para crianças”. O download é gratuito.
6. Avalie os impactos
Acompanhar o desenvolvimento dos alunos é super importante. Seja por meio de conversas ou instrumentos para registrar as evidências de aprendizagem, é ideal contar sempre com a devolutiva dos estudantes, mostrando como a meditação os ajudou, em quais situações eles a usaram, o que foi útil, o que não foi legal.
7. Inspire outras classes a meditar também
Para Daniela, o melhor retorno é quando os alunos pedem a prática de meditação, e isso acontece muito frequentemente. Ainda mais quando os benefícios ficam evidentes, com professoras e professores observando menos erros nas provas, menos distração durante as aulas. “Os próprios alunos podem inspirar outras classes a partir dos relatos pessoais”, conclui Daniela.
*Com informações do site Edutopia.
Fonte: Portal Porvir - Ana Luísa DMaschio