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Não quer participar de uma reunião? Um clone de IA pode te substituir no trabalho

Ferramenta ainda não é realidade, mas é um dos planos do CEO do Zoom para o futuro das reuniões online

Imagine começar o expediente em uma segunda-feira de manhã depois de um feriado prolongado. Você liga o computador e, assim que abre as principais ferramentas de trabalho, se depara com uma sequência de reuniões online, dezenas de mensagens por responder e mais dezenas de e-mails para ler. Se sua rotina é assim, um clone virtual de inteligência artificial (IA) pode ser bem-vindo.

Pelo menos é isso que Eric Yuan, fundador e CEO do Zoom, quer. O executivo pretende usar IA para criar ferramentas, como o clone digital, que facilitem o dia-a-dia do funcionário e, com certeza, ajudarão na implementação de uma semana mais curta de trabalho.

CEO do Zoom quer usar IA para facilitar trabalho 

O Zoom começou como uma plataforma de videoconferências e se popularizou durante a pandemia. No entanto, assim como outros softwares semelhantes (como o Teams, da Microsoft), teve que inovar nos recursos para se manter relevante.

Agora, programas deste tipo são mais do que apenas ferramentas de reuniões online. Eles possibilitam enviar mensagens, manter agenda, sincronizar com outros serviços (como e-mails) e, mais recentemente, passaram a apostar em IA para otimizar o trabalho.

Uma tendência, por exemplo, é o uso dela na hora de resumir reuniões. Segundo Yuan, em entrevista no podcast “Decoder”, do The Verge, a empresa já investe em IA nesse sentido. Um dos planos é que a tecnologia possa ler as mensagens e e-mails e respondê-los para você.

Porém, o Zoom não quer parar por aí. O CEO contou plano ousado: um “gêmeo virtual”, espécie de clone de IA que, além de organizar, ler e responder e-mails, pode participar de reuniões por você.

Clone virtual será sua melhor versão

O próprio CEO do Zoom não está 100% contente com sua rotina de e-mails, mensagens e reuniões. A ideia é que o clone faça o trabalho “chato” para que ele possa focar em aspectos mais importantes.

Segundo Yuan, isso não substitui o funcionário – e nem nunca vai substituir uma interação entre duas pessoas. Mas, sim, otimiza o trabalho.

Ao invés de passar horas se atualizando nos e-mails do dia e se preparando para diferentes reuniões, a IA o ajudará a escolher uma reunião que seja mais importante de estar presente – por exemplo, para tomar uma decisão importante para a empresa – e permite que ele foque sua energia nisso. Enquanto isso, a tecnologia resolve o resto.

Outra parte boa do “gêmeo de IA” é que ele será a melhor versão do funcionário. O executivo admite que não é o ideal na hora de negociar. Com o clone, ele pode dar comandos que melhorem esse aspecto – afinal, trata-se de uma inteligência artificial, que, como as outras, pode ser treinada para certo propósito.

Gêmeo de IA do Zoom ainda está em desenvolvimento

Durante o podcast, Yuan reforçou algo importante: essa tecnologia não existe ainda. É um trabalho em desenvolvimento, sem data para ficar pronto. Ele contou alguns desafios e expectativas:

  • De início, o clone, provavelmente, será em voz, mas, no futuro, a intenção é que a experiência seja imersiva, como nos óculos de realidade virtual (RV) de Apple e Meta. Ele quer que não seja possível distinguir entre a pessoa real e sua versão 3D na câmera;
  • Um desafio para tornar o gêmeo virtual realidade são os modelos de linguagem. Para essa tecnologia, seria necessário que cada funcionário tenha seu próprio modelo. Afinal, se a IA será você, precisa ser treinada da mesma forma – e cada pessoa é diferente. Devido a esse fator, a novidade ainda deve demorar: o CEO destacou que os LLMs ainda estão no início e precisam ser mais customizados até chegar lá;
  • Yaun admitiu: as inteligências artificiais alucinam muito. No entanto, como ele lembrou, a tecnologia “acabou de começar” e podem ainda não estar prontas para nos substituir em reuniões, mas, um dia, estarão;
  • Sobre as expectativas para o setor, o CEO do Zoom confirmou que a empresa está investindo em IA e descobrindo formas de torná-la mais eficiente. Nesse ponto, a estratégia de uso da tecnologia é um trabalho contínuo.

IA poderá diminuir semana de trabalho para quatro dias úteis

Yuan garantiu que o “gêmeo de IA” vai facilitar a rotina do expediente, levando a outra grande vantagem: com menos tarefas e mais tempo, os dias serão menos ocupados e os funcionários poderão trabalhar menos e por menos tempo. Veja o que o executivo disse:

"Acho que podemos aproveitar cada vez mais a IA. Você não precisa gastar tanto tempo [em reuniões]. Você não precisa fazer cinco ou seis ligações do Zoom todos os dias. Você pode aproveitar a IA para fazer isso. Você e eu podemos ter mais tempo para ter mais interações pessoais, mas talvez não para o trabalho. Talvez por outra coisa."

"Por que precisamos trabalhar cinco dias por semana? Mais adiante, quatro ou três dias. Por que não passar mais tempo com sua família? Por que não focar em coisas mais criativas, devolvendo seu tempo, retribuindo à comunidade e à sociedade para ajudar os outros, certo? Hoje, a razão pela qual não podemos fazer isso é porque todos os dias são ocupados, cinco dias por semana."

Eric Yuan, em entrevista ao podcast “Decoder”, do The Verge

Quando questionado se as ferramentas de IA do Zoom, como o clone virtual, nos deixariam mais perto de uma semana de trabalho de quatro dias úteis, o CEO foi direto: “Absolutamente”.

Vitoria Lopes Gomez é redator(a) no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.

Fonte: Portal Olhar Digital - Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli 

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