Maratona de Leitura mobiliza criatividade de escolas públicas e privadas
Que tal transformar um livro em um jogo de cartas ilustrado? Saiba mais sobre o concurso da Árvore, que une literatura, cultura digital e premiará as melhores propostas
Quem passeia pelas vinte escolas municipais de Piraí (Rio de Janeiro), localizada a 89 quilômetros da capital fluminense, encontra algo em comum: estantes de livros pelos corredores. Além da biblioteca e da sala de leitura, cerca de 50 títulos, atualizados mensalmente, ficam disponíveis nas prateleiras avulsas de cada endereço, para serem folheados ou emprestados de maneira bem prática.
Facilitar o acesso e estimular a leitura é algo presente no currículo da cidade: todo mês de março, por exemplo, acontece a Semana Municipal de Incentivo à Leitura. A edição deste ano foi marcada pelo lançamento de outro projeto escolar voltado aos livros, intitulado “Mais leitura, por favor”, com atividades focadas no centenário da Semana de Arte Moderna.
“O eixo de leitura é bastante incentivado pelo município. Quem lê mais, escreve melhor, amplia suas habilidades”, afirma Paula Cristina de Souza Silva, diretora do departamento pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Piraí. “Tenho 30 anos de experiência na área da educação. Desde a época de professora, depois como diretora de escola, não há como se afastar da leitura. Gosto tanto de contar histórias quanto de leituras deleite e profissionais para a para higienizar a mente”, diz.
E o hábito leitor cruza as fronteiras municipais. Três escolas da cidade acabaram de se inscrever na Maratona de Leitura, concurso nacional da Árvore com inscrições abertas até o dia 29 de abril. Escolas públicas e privadas, de ensino fundamental e médio, podem participar do concurso: os alunos terão até 10 de junho para criar um jogo com cartas ilustrado, com base nos livros do acervo da plataforma.
Com experiência de mais de 10 concursos com temáticas diferentes, sempre focados na formação leitora, a Árvore criou a Maratona de Leitura a fim de relacionar o universo dos jogos, da leitura e da criação. Em diálogo com a Aprendizagem Baseada em Projetos e as competências 3 e 5 da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), sobre repertório cultural e cultura digital, respectivamente, o atual concurso estimula a criatividade de crianças e jovens. “Um caminho que nos pareceu muito efetivo para mobilizar essas competências foi o de trazer o universo dos jogos de imaginação, que envolve muita criatividade, a criação de narrativas e a arte da ilustração”, conta Nayhd Barros, especialista de conteúdo pedagógico da Árvore.
Do livro ao jogo
A equipe selecionou seis livros para cada etapa escolar, principalmente narrativas de ficção com aventura e fantasia que dialogam com o universo dos jogos de imaginação. Entre as obras, estão “MMMM: Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica”, de Maurício de Souza, Ziraldo e Manuel Filho (para os anos iniciais do fundamental), “O Mistério dos 5 Estrelas”, de Marcos Rey (para os anos finais do fundamental) e o premiado “Torto Arado”, de Itamar Vieira Júnior, para os alunos do ensino médio.
“A linguagem visual foi um dos critérios que motivou a nossa escolha dos livros, especialmente para os anos iniciais. Outro foi a de narrativas ricas, com uma diversidade de elementos e personagens, que pudessem inspirar estudantes nas suas criações”, explica Nayhd. As cartas ilustradas serão avaliadas por uma comissão de especialistas da Árvore e alguns critérios como originalidade, diálogo com o livro escolhido, adequação à formação e ano escolar serão decisivos na seleção final.
Incentivo e participação
Formada em letras e pedagogia, Daniela Botti Hayashida, de São Paulo, é uma entusiasta de projetos de leitura e não perde a chance de participar de concursos. “Sou um ser aprendente, tenho inquietude pedagógica e um olhar empático. Sempre amei ler e quero que meus pequenos gigantes leitores sintam a mesma euforia que eu quando alcanço um objetivo”, afirma a professora de língua portuguesa do 4º e 5º ano.
Em 2021, os alunos de Daniela concorreram com outras 800 turmas de todo o Brasil e ganharam o Festival de Arte Digital com o projeto “Ficar sem ler? Deus me Livro”, que entrelaça a leitura com as habilidades da BNCC. “Com a pandemia, o projeto quase parou por causa do distanciamento social. Já tínhamos feito o download de todos os livros em domínio público, mas os estudantes queriam outros títulos. Ao encontrar a Árvore, que une leitura e gamificação, a turma se entusiasmou ainda mais. Deixamos de ter a competição entre leitura e videogame”, diz Daniela.
Para a professora, participar de projetos de leitura é uma oportunidade de aprimorar o desenvolvimento do estudante e garantir que os objetivos de aprendizagem sejam alcançados de uma maneira mais significativa. “Desenvolver um projeto educacional é uma grande troca. Permite que o aluno tenha uma participação mais ativa, desenvolva competências cognitivas e socioemocionais, realize ações em colaboração com os colegas, além de promover engajamento e transformação não só individual, como coletiva”, ressalta a professora. “Use metodologias ativas e não se esqueça, professor, de que você é o maior aprendente”, sugere Daniela.
Nayhd Barros acrescenta duas dicas para professores interessados em concursos de leitura. “Escute os estudantes. É muito importante pesquisar e levantar afinidades e interesses que mobilizem crianças e jovens atualmente. Falar a língua deles e associar a leitura a momentos divertidos e dinâmicos”, afirma. “Outra dica é criar momentos de culminância e de trocas coletivas, com experiências valiosas, como encontros com autores, rodas de conversa, jogos coletivos, além de produções que estimulem interação e cooperação entre estudantes. Com o retorno às aulas presenciais, apostar no encontro e na construção coletiva é ainda mais engrandecedor”, enfatiza Nayhd. Confira mais sugestões neste post do blog da Árvore.
Fonte: Portal Porvir - Ana Luísa DMaschio