Dicas práticas para usar inteligência artificial na sua próxima aula
Integrar a inteligência artificial com o pensamento crítico e desplugado apoia a formação de cidadãos equilibrados, capazes de lidar com a tecnologia de forma consciente
A inserção da IA (Inteligência Artificial) nas aulas pode transformar a maneira como os estudantes aprendem, permitindo que desenvolvam habilidades e competências essenciais para os desafios atuais e futuros. Essa ferramenta pode ser utilizada de diversas formas para enriquecer a experiência educacional, mas é fundamental que, ao mesmo tempo, os educadores promovam o pensamento desplugado, ou seja, o desenvolvimento de habilidades críticas e criativas para resolver problemas e colaborar de forma independente da tecnologia.
Uma das principais características do pensamento desplugado é o desenvolvimento de habilidades críticas. Essa abordagem promove a análise e a reflexão, desafiando os estudantes a considerar diferentes perspectivas e questionar informações, em vez de aceitá-las passivamente. Além disso, a resolução de problemas se torna central, pois os alunos são estimulados a enfrentar desafios e encontrar soluções por meio de métodos tradicionais, como as chamadas tempestades de ideias criativas, discussões em grupo e atividades práticas, sem a assistência de ferramentas tecnológicas.
A criatividade e a inovação também são incentivadas por meio de atividades como jogos de simulação, debates e projetos mão na massa. Essas experiências permitem que os estudantes explorem novas ideias e desenvolvam sua imaginação. Além disso, o pensamento desplugado proporciona uma conexão mais profunda com o mundo real, pois as atividades frequentemente envolvem problemas práticos e situações cotidianas. Isso permite que os alunos façam ligações significativas entre o que estão aprendendo e sua aplicação na vida fora da sala de aula.
Integração com o currículo
Uma maneira de integrar a IA ao currículo é utilizar ferramentas de aprendizado adaptativo que se ajustem às necessidades dos discentes. Por exemplo, plataformas de ensino que utilizam algoritmos de IA podem oferecer exercícios personalizados, permitindo que eles trabalhem em suas áreas de dificuldade de maneira autônoma. No entanto, é importante que eles sejam incentivados a refletir sobre os processos de aprendizado. Para isso, você pode iniciar a aula com uma discussão sobre como a IA pode ajudar, mas também quais são suas limitações. Isso estimula o pensamento crítico e a análise de dados.
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Outro exemplo de integração está nos projetos colaborativos. Os estudantes podem ser divididos em grupos para criar um projeto que utilize IA, como desenvolver um chatbot (assistente virtual) simples para responder perguntas sobre um tema estudado, trabalhando a criticidade da estrutura do prompt. Essa atividade não apenas os envolve na prática da programação, mas também os obriga a pensar desplugadamente ao planejar como o chatbot deve se comportar em diferentes situações, considerando a lógica e a interação humana. Eles precisarão discutir e modelar as respostas, promovendo habilidades de comunicação e colaboração.
Além disso, é possível desenvolver atividades nas quais a turma possa explorar o impacto da IA na sociedade. Uma sugestão é propor conversas sobre questões éticas relacionadas ao uso da IA, como privacidade, segurança e preconceitos algorítmicos. Isso os incentiva a pensar de forma crítica e a entender que, embora a tecnologia possa ser uma aliada poderosa, é necessário abordá-la com responsabilidade.
Na prática
Na prática, o pensamento desplugado pode ser implementado de diversas maneiras, mesmo em ambientes nos quais a IA e outras tecnologias estão presentes. Por exemplo, atividades práticas que incentivam a resolução de problemas, como construir modelos ou realizar experimentos, costumam ser muito eficazes. Discussões em grupo promovem debates sobre temas relevantes, onde os estudantes têm a oportunidade de expressar suas opiniões e argumentar suas posições sem a mediação de dispositivos digitais.
Integrar o pensamento desplugado com o uso da IA na educação cria um equilíbrio saudável. Enquanto a IA oferece ferramentas poderosas para personalizar e enriquecer o aprendizado, o pensamento desplugado garante que os estudantes desenvolvam habilidades humanas essenciais que não são replicadas pela tecnologia. Dessa forma, os educadores conseguem prepará-los para um presente onde a tecnologia e o pensamento crítico coexistem de maneira harmoniosa.
Uma atividade desplugada pode envolver a criação de um jogo de simulação no qual os estudantes representem diferentes papéis, como desenvolvedores de IA, usuários e reguladores. Nesse jogo, eles podem discutir e explorar as diferentes perspectivas sobre como a IA deve ser implementada na sociedade. Essa abordagem lúdica não apenas promove o engajamento, mas também os leva a entenderem a complexidade do tema, desenvolvendo empatia e habilidades de resolução de problemas.
Atividades de jogos de papel também podem ser utilizadas, permitindo que eles experimentem diferentes perspectivas. A reflexão crítica é uma parte fundamental desse processo; os educadores podem pedir aos estudantes que analisem como a IA e a tecnologia impactam suas vidas e a sociedade, apoiando a reflexão sobre ética, responsabilidade e as implicações futuras.
Trabalhar a IA e o pensamento desplugado em conjunto com a tecnologia ajuda a formar cidadãos mais conscientes e preparados para os desafios atuais, equilibrando o seu uso ao desenvolvimento de competências humanas fundamentais.
Débora Garofalo - Professora, mestra em Educação, gestora em inovação, integrante da comissão municipal de Direitos Humanos, embaixadora do Instituto Ayrton Senna e da Varkey Foundation. Considerada uma das 10 melhores professoras do mundo pelo Global Teacher Prize.
Fonte: Portal Porvir - Débora Garofalo