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Comunicação para tornar a tecnologia uma aliada na volta às aulas

Uma comunicação clara sobre o uso de tecnologia na volta às aulas pode garantir que ferramentas sejam usadas como aliadas pedagógicas na sala de aula e em casa

É hora de voltar para a sala de aula. Com o ano letivo de 2022 dando as caras, depois de um longo tempo entre aulas remotas ou ensino híbrido, os aprendizados foram muitos e continuaram crescendo.

Uma das muitas habilidades conquistadas ao longo deste período foi a possibilidade de criar uma comunicação efetiva e eficiente tanto entre estudantes, quanto com famílias e demais membros da comunidade escolar.

Essa melhoria na comunicação foi possível porque, com a tecnologia mais presente, muitos educadores e educadoras precisaram desenvolver suas habilidades comunicacionais ao usar aplicativos de mensagens instantâneas, plataformas de videoconferência ou materiais de apoio que necessitam de interação com outras pessoas.

Ingressar em uma modalidade presencial não significa abandonar todo e qualquer elemento tecnológico que já foi implementado durante essa fase anterior. Pelo contrário, saber como comunicar bem é uma ferramenta chave tanto para períodos de distanciamento e aulas remotas quanto para quando os educadores estão pertinho de seus alunos e dentro das salas de aula.

Aprendizagem flexível

Esta organização, que não ignora a presença da tecnologia, mas a usa como aliada ao aprendizado, pode ser entendida como parte de uma aprendizagem flexível.  Em outras palavras, trata-se de unir o que pode ser feito fora da sala de aula com o uso da tecnologia ao projeto pedagógico que será aplicado presencialmente nas escolas.

É possível explorar diversas dimensões dentro desse contexto de aprendizagem flexível. Uma delas é a já citada comunicação. Dizer apenas que a tecnologia é importante, sozinha, não é o ideal. É necessário que a mensagem seja clara quando se discute sua importância.

Paulo Bellé, Senior Marketing Manager da Khan Academy Brasil, aponta que comunicar bem o uso da tecnologia é o que fará com que todas as partes envolvidas no projeto pedagógico entendam não só os objetivos, mas também os motivos pelos quais determinada plataforma está sendo inserida no dia a dia dos docentes.

Comunicar claramente o objetivo de uso da tecnologia, principalmente neste momento no qual ela pode aparecer tanto dentro da escola quanto em casa, é levar em consideração que o caminho proposto será compreendido pelos educadores. “Não se trata de ter somente um caminho que vai da rede ou do gestor direto para os professores, mas de os educadores também terem um momento de feedback (retorno avaliativo) com o plano proposto para que todas as partes consigam chegar num alinhamento do que faz sentido ou não”, afirma Paulo.

Suporte necessário

Maurício Mailan Lange, professor de matemática na rede pública municipal de Pelotas (RS) afirma que, mesmo antes da pandemia, sempre tentou incluir tecnologia em suas aulas. Isso porque o conteúdo com o qual trabalha, a matemática, nem sempre é o mais querido da turma e aplicativos e plataformas tecnológicas acabam funcionando como um suporte para atrair a atenção do estudante.

Neste retorno ao presencial, ele tem expectativas de continuar usando da tecnologia como suporte para suas aulas. E também, aproveitar o que conseguiu desenvolver quando o assunto é comunicação. Mesmo sabendo, por exemplo, que os grupos de WhatsApp criados durante a pandemia não teriam a mesma frequência de uso, ele afirma que continuará com eles porque percebeu o quanto essa ferramenta pode aproximá-lo das famílias, por exemplo.

“A importância da comunicação com a família não só nesse momento diferente que a gente vem vivendo, mas eu considero que é um viés que a gente consegue atingir os alunos mais diretamente. É a família, junto com esse aluno na maior parte do tempo, quem faz esse papel da educação acontecer, não só a educação formal, mas também a educação social”, comenta o professor Maurício.

O educador destaca que, ao estimular seus alunos no uso de tecnologia em casa, espera que eles percebam que há ligação entre o que viveram durante a pandemia e o que farão agora com o momento presencial.

A professora Elisângela Helena Andrade, que dá aulas de matemática no Colégio Militar Estadual Cel PM Derly Luiz Vieira Borges, em Boa Vista (RR), aponta que uma das estratégias que vai utilizar para comunicar bem a importância de usar a tecnologia mesmo em casa é investir nas vantagens, garantindo que tanto estudantes quanto familiares entendam o quanto elas podem servir como aliadas do aprendizado.

“A ideia é trazer a família como parceira e pra isso eu tenho que mostrar as vantagens do uso de tecnologia [de forma que] não caia nos ouvidos dela como um peso e sim como algo leve, que vai ajudar seu filho”, diz a professora.

Comunicar para convencer

E nem sempre continuar usando a tecnologia é um desejo de muitos educadores. Cabe  também à gestão – e, às vezes, aos professores e professoras mais engajados – realizar esse processo de convencimento. Reforçando: uma comunicação clara, que envolva e estabeleça objetivos específicos, é uma ferramenta importante.

Elisângela conta que às vezes faz troca de experiências entre educadores para que aqueles mais acostumados com a tecnologia possam envolver os que são mais resistentes e, assim, motivá-los e inspirá-los no uso dessas ferramentas. Um dos argumentos usados por ela é o de que ao usar tecnologia os educadores saibam que estão ajudando tanto aos estudantes quanto à própria prática dentro de sala de aula.

Paulo Bellé também destaca que a gestão precisa ter uma visão holística dos processos para entender quais são os limites de cada docente, sem recair em mais fadiga para os educadores e educadoras, mas implementando a tecnologia de forma a trazer acolhimento para todas e todos, usando-a como suporte para uma aprendizagem flexível.

Sobre as expectativas para o novo ano, o professor Edson Luiz de Oliveira, da EMEIEF João Tibúrcio Silva Filho, em Barueri (SP), conta que, para muitos,  usar tecnologia pode ser um grande desafio, mas para a escola será uma grande aliada na busca pelo sucesso do projeto pedagógico.

“A gente começa o ano com as melhores expectativas possíveis e sonhando o mais alto possível. Paulo Freire dizia:  ‘ai de nós educadores se não acreditarmos em sonhos possíveis’. Nesse início de ano, a gente acredita que, depois de tantos percalços, seja um ano de reconstrução, de retomada da aprendizagem. Um ano melhor para todos nós”, diz Edson.

5 dicas para comunicar bem a aprendizagem flexível

  • Mantenha canais de comunicação que são acessíveis para todas e todos
  • Utilize as plataformas que as pessoas já usam para se comunicar com elas
  • Esclareça quais são os objetivos e o projeto para alcançá-los
  • Tenha sempre um espaço para feedbacks que possam ser respondidos rapidamente
  • Pense em rotinas comunicacionais para o ano todo, incluindo por onde serão veiculados os comunicados e com qual frequência
Confira recursos para uma aprendizagem flexível 

Fonte: Portal Porvir - Ruam Oliveira | Khan Academy


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