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Comunicação com comunidades é chave para o sucesso de um projeto de tecnologia

Introduzir tecnologia nas escolas depende também de diálogo com a comunidade escolar para que os processos sejam compreendidos por todos.

A aproximação entre escola e comunidade não é um conceito novo. Há muito que pais e mães, docentes, estudantes e demais educadores compõem todo o contexto escolar e influenciam no que pode ou não acontecer na escola.

Nessa relação, construir processos de comunicação efetivos e claros faz parte da rotina de preocupações dos gestores. A fim de ver cumpridos os objetivos que a visão da liderança pode desenhar, comunicar – com a comunidade interna e externa – é um passo importante e fundamental.

Não é apenas uma conversa com os pais sobre qual tecnologia aplicar ou não em sala de aula, mas também com os educadores e com os estudantes, todos interessados nessa equação.

“O gestor tem que ser o exemplo também na forma de comunicar-se com toda a comunidade escolar”, afirma o professor José Moran, pesquisador e designer de ecossistemas inovadores na educação. Entre as habilidades, o pesquisador aponta que,  usar bem os recursos de redes, por exemplo, é essencial.

No momento em que escolas enfrentam retornos e novas suspensões de aulas presenciais devido à pandemia de covid-19, tendo que recorrer ao ensino remoto por longos períodos, tornou-se comum dizer que a tecnologia está transformando a educação como nunca se viu. Mas este também não é um cenário recente.

“É um momento para repensar a escola como um todo, não é só a tecnologia. A escola é um espaço de comunicação, de encontro entre pessoas – umas mais experientes e outras mais novas”, destacou o professor Moran.

O professor Rui Christofoletti, diretor educacional do Colégio Koelle, uma Apple Distinguished School localizada em Rio Claro, interior de São Paulo, aponta que desde 2014, a escola onde atua vem investindo em tecnologia de maneira gradual. Primeiro foi o terceiro ano do ensino médio que recebeu iPad para trabalhar em sala de aula, em seguida essa medida se estendeu para todo o ensino médio e, posteriormente, para o ensino fundamental 2, a partir do 6º ano. O fundamental 1 e a educação infantil também estão em contato com tecnologia, porém usando o que chama de laboratório móvel, com carrinhos que atendem diversas turmas.

Quando houve a decisão de usar iPad em sala de aula, Rui conta que a reação dos pais inicialmente estava na segurança – tanto de dados, quanto de uso – e na forma que a escola planejava administrar o ambiente digital. “Lembro muito da primeira reunião em que compartilhamos no telão a tela do iPad e respondendo com demonstrações as perguntas dos pais”, disse. “A visão precisa ser clara para a pessoa que está na gestão”.

O professor José Moran destaca que, para além do aparelho tecnológico em si, há uma questão de relação humana que deve ser valorizada, e o hardware usado passa a ser encarado de maneira mais natural. “Em alguns momentos, você nem percebe que está com tecnologia”, apontou.

Cabe, portanto, ao gestor identificar a melhor maneira de gerenciar tais ferramentas. Yuri Ribeiro, coordenador de educação da Sejunta, afirma que esse gerenciamento passa por oferecer ao professor a ferramenta de um jeito simplificado.

Com uma maior inserção de tecnologia em razão da pandemia, Yuri afirma que ficou mais fácil observar gargalos onde elas podem ser inseridas de maneira mais assertiva e é possível ouvir o professor no momento de optar por uma tecnologia específica, por exemplo. Nesse sentido, o papel da liderança está em apoiar também ideias que venham dos educadores.

O professor Moran também destaca que apoiar docentes, principalmente os que já tem experiência, pode ajudar a chegar no objetivo de envolver o aluno, colocando-o como elemento central da aprendizagem.

Investir no uso das tecnologias de uma forma interessante e apoiar esses educadores, trazendo-os para um comitê de inovação, por exemplo, são ações que um gestor pode realizar não somente para valorizá-los, mas também para que eles possam servir de tutores ou mentores dos demais.

E tanto saber ouvir quanto manter canais de comunicação claros e definidos impactam diretamente no engajamento da própria comunidade escolar, é o que destaca Yuri. “[A comunicação] é essencial para a gente ter o desenvolvimento da equipe, porque se não tivermos momentos em que essa equipe se comunica, consegue crescer junto e se engajar junto, o projeto pedagógico não vai ter sucesso”.

Para Rui, entender como se comunicar com a comunidade, principalmente ao introduzir um assunto novo, foi um processo de aprendizagem. A tomada de decisão sobre qual canal usar, se email ou mensagem via whatsapp, por exemplo, foi acontecendo aos poucos. Ele destaca que, como um dos principais desafios, está encontrar o tom correto, o jeito que ideal de traduzir a visão que a escola tem sobre o projeto pedagógico.

Parceria Porvir com Se Junta

Fonte: Portal Porvir - Ruam Oliveira

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