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Como jogos apoiam a interação entre crianças com e sem deficiência

Na retomada gradual das aulas presenciais, brincadeiras e materiais lúdicos ajudam no desenvolvimento de todas as crianças e promovem inclusão de alunos com algum tipo de deficiência

Além das dificuldades na entrega e acesso aos conteúdos pedagógicos, o fechamento das escolas em razão da pandemia da Covid-19 provocou outra consequência, principalmente para crianças: a falta de convivência com seus pares e estímulos sociais. Essa realidade foi ainda mais desafiadora para crianças com deficiência, que, em muitos casos, ficaram isoladas até mesmo do convívio de familiares para evitar a contaminação pelo novo vírus.

Nesse sentido, Ana Karine Chiquim, coordenadora pedagógica da Brink Mobil, aponta o uso de jogos e brincadeiras como uma ferramenta potente para facilitar a aprendizagem e promover o contato e socialização de crianças com e sem deficiência durante a retomada gradual das aulas presenciais, além de ajudar na formação de valores e aquisição de conhecimentos.

“Hoje, uma educação inclusiva de qualidade não pode estar desassociada da brincadeira e do jogo, porque é por meio delas que a criança vai desenvolver uma série de capacidades e terá seu pleno desenvolvimento, compreendendo a questão de conteúdos, de atividades de seu cotidiano como as regras, as interações com os objetos e o meio e a diversidade de linguagem”, diz Ana.

Para Idamaris Costa, diretora do Centro de Atendimento Educacional Especializado – CAEE Professor Osny Macedo Saldanha, do IPC (Instituto Paranaense de Cegos), ao trabalhar com jogos e atividades, é primordial selecionar materiais e estímulos adequados à faixa etária.

“É através do lúdico que as crianças se observam mutuamente, movimentam-se juntas, imitam e participam de jogos e atividades, o que proporciona o desenvolvimento integral e uma maior interação entre todos”, reforça.

A importância do convívio

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 24% da população brasileira – quase 46 milhões de pessoas – declararam ter algum grau de dificuldade em enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus, ou possuir deficiência mental/intelectual.

Mesmo que seja alta a parcela da população com algum tipo de deficiência, essas pessoas ainda não estão totalmente incluídas em todos os espaços da sociedade. Para Camila Aguiar, assistente de formação do Instituto Rodrigo Mendes, e Lailla Micas, editora do portal DIVERSA, a convivência entre crianças com e sem deficiência possibilita o aprendizado concreto sobre a importância da diversidade e o respeito às diferenças humanas, fortalecendo o repertório social e emocional de todas as crianças e, por consequência, de todas as pessoas pertencentes a sua rede de convívio.

A dupla cita que estudos e pesquisas do campo acadêmico reforçam os benefícios dessa integração, e defende que por meio da convivência é possível desenvolver empatia, habilidades emocionais e de resolução de conflitos. Além disso, a promoção desse contato pode constituir uma ferramenta para identificar as possíveis barreiras que impedem a plena participação das crianças com deficiência em igualdade de condições com as demais crianças.

“Assim, podemos nos mobilizar para eliminar estas barreiras, garantindo o direito de acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa e promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas as crianças, conforme um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS] da Organização das Nações Unidas”, comentam.

Ana Karine completa e lista uma série de habilidades que podem ser desenvolvidas a partir dessa convivência: tolerância, respeito, empatia, solidariedade, autonomia, limites, aspectos emocionais, concentração, coordenação motora, atenção, raciocínio, criatividade, interações sociais, entre outros pontos.

A coordenadora da Brink Mobil reforça, ainda, que a inclusão não se limita à permanência física de alunos com deficiência em sala de aula junto a outros estudantes. “A inclusão só acontece na prática, e representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, pensando em como desenvolver o potencial dessas pessoas respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades, sempre olhando para esses alunos como sujeito de direitos e desejos como qualquer outro.”

Fonte: Portal Porvir - Maria Victória Oliveira

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