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Aceleramos a transformação digital e começamos a sofrer as consequências

Não podemos apenas enxergar que ganhamos em escala com a educação digital sem olhar para os processos humanos, para as competências socioemocionais

Quem nunca sonhou, mesmo acordado, com um mundo novo, diferente daquela vida presente que aos poucos projeta e constrói no dia a dia o futuro? De repente, ainda nas duas primeiras décadas do século 21, acordamos de um sonho estranho e nos deparamos com uma transformação poucas vezes vista na história da humanidade. Foi o que aconteceu no início do ano letivo de 2020: pulamos do sonho e da confortável realidade do presente para um futuro transformado.

Não por acaso, uma das melhores palavras para expressar esse contexto é transformar, que vem do latim Transformare, ou seja, fazer mudar de forma ou de aspecto (do grego: trans = através, formare = dar forma).

Embora embarcados no mesmo conteúdo, em pouco mais de um ano os processos educacionais foram acelerados na forma e no método rapidamente, com impactos no ato de ensinar e aprender. Ao contrário do que muitos pensam, essa transformação não foi apenas digital: ela veio acompanhada também de uma série de questões humanas.

O que vivenciamos hoje é o resultado de um rápido e concomitante processo de transformação digital e humana na educação. Ao mesmo tempo acelerada por dispositivos digitais, pela internet, redes sociais, aulas síncronas, assíncronas, telas. E nada disso foi um processo gradativo – passamos do momento presente para o futuro. Não foi uma escolha “natural” dos educadores. Preparados ou não, a realidade se impôs.

Embora as escolas estimulassem a implantação das tecnologias educacionais nos últimos anos, até então tudo era planejado, havia uma estratégia, incentivo à formação dos professores e a aprendizagem era avaliada sistematicamente.

Há de se reconhecer a imperfeição do “admirável mundo novo”. Porque ao mesmo tempo que aceleramos a transformação digital, começamos a sofrer as consequências disso, com impactos visíveis nas questões humanas. A percepção é que geramos um certo desequilíbrio, com excessos, exposições e exaustão frente às telas, ansiedade, frustrações por não atingir objetivos e, principalmente, com relação ao aprendizado dos nossos estudantes.

Não podemos apenas enxergar que ganhamos em escala com a educação digital, sem olhar para os processos humanos, para as competências socioemocionais. Esses dois pilares – tecnológico e humano –devem ser trabalhados com e para o equilíbrio. Eles não são antagônicos, e precisam conviver.

Uma vez que as competências socioemocionais são componentes essenciais e contemporâneos, este é o momento de achar o equilíbrio, onde educadores e alunos estejam voltados para a mediação pela tecnologia, mas também para a colaboração, para a saúde mental e emocional, para a empatia e o respeito nas relações, visando proporcionar o processo formativo de um ser humano mais cidadão.

Vale destacar ainda que não existe transformação digital sem a transformação humana. O híbrido passa a significar também o que é composto por elementos diferentes. O híbrido é a temperança que serve ao ensino remoto/online e ao presencial; e é também um modelo composto pelo trabalho com apoio digital, mas com ênfase nas relações humanas.

Fonte: Portal Porvir - Adriana Martinelli

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