Abertura ao erro e elementos visuais trazem nova dinâmica para a aula de matemática
Com nova postura, professora de Fortaleza (CE) conta como ajudou alunos do ensino médio a fazerem as pazes com a matemática
Sou professora de matemática na Escola de Ensino Fundamental e Médio Deputado Paulino Rocha, em Fortaleza (CE). Dentro da realidade da pandemia, tenho tentado empoderar meus alunos para que eles continuem desenvolvendo seus projetos neste período. A ideia é aumentar a relação deles com a matemática, desmistificando algumas questões sobre o papel do erro na aprendizagem.
Além de dar aulas regulares para alunos do terceiro ano do ensino médio, também atuo na preparação deles para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e para Olimpíadas da área. Para isso, procuro trazer atividades desafiadoras, envolventes e engajadoras, sempre com apoio de recursos visuais.
Hoje tenho colhido os frutos de uma mudança de pensar o ensino da matemática. Até 2018, antes de conhecer a abordagem de Mentalidades Matemáticas, eu pensava que não era possível ajudar alunos do ensino médio a fazerem as pazes com a matemática. Eu achava que algumas coisas eram inatas, que eles nasciam ou não com essa habilidade.
Depois que eu conheci o Mentalidades Matemáticas, percebi que todos poderiam alcançar seus objetivos e ter um bom relacionamento com a matemática. Essa postura modificou totalmente a minha atuação em sala de aula. Meus alunos chegaram a dizer que a partir de 2019 eu me tornei outra professora.
O que mais mudou na minha sala de aula foi a forma de lidar com o erro. Agora, com liberdade e autonomia, os alunos tentam entender o caminho que percorreram com o erro para conseguir propor novas alternativas. Em outras palavras, erram sem medo de errar.
Como professora, eu também busco diferentes recursos e explicações metodológicas. Eu trago elementos visuais, desenhos e uma série de exemplos até que eles consigam desenvolver certo conhecimento ou habilidade. Nós só avançamos para o próximo assunto quando eles entenderem o raciocínio do começo ao fim.
Um exemplo disso aconteceu na semana passada. Estava dando uma aula sobre geometria analítica quando um aluno desabafou que não compreendia operações com frações. Eu pausei aquela explicação para trazer elementos visuais e exemplos cotidianos para que ele pudesse entender e vencer o medo de trabalhar com fração.
Hoje temos muita interatividade na sala de aula, mesmo em um contexto de atividades a distância. Os alunos têm liberdade de se comunicar e manifestar suas dúvidas. Muitos deles já estão se relacionando com a matemática de uma nova forma e, inclusive, ingressaram na universidade federal.
Keila Leitão - Licenciatura em Matemática pela UECE (Universidade Estadual do Ceará). Especialista em Ensino de Matemática pela Universidade Federal do Ceará e mestranda de Matemática pela mesma instituição. Atualmente atua em sala de aula, na Escola de Ensino Fundamental e Médio Deputado Paulino Rocha. Também é formadora do Programa Foco na Aprendizagem e integrante da Equipe Cientista Chefe da FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Fonte: Portal Porvir - Keila Leitão